USP promove diplomação honorífica de estudante são-carlense morto pela ditadura militar
Além de Lauri, mais três estudantes também receberão a honraria
Por Lair Campos
Publicado em 27/03/2025 23:01
Noticias de São Carlos

Na próxima sexta-feira, dia 28 de março, a Escola Politécnica (Poli) da USP vai realizar a cerimônia de diplomação honorífica de quatro estudantes mortos pela ditadura militar, a partir das 17 horas. O evento será realizado no Auditório Prof. Francisco Romeu Landi, no prédio da Administração da Poli, no campus da USP no bairro do Butantã, em São Paulo. Além da cerimônia de entrega dos diplomas aos familiares dos estudantes, será realizada uma exposição e uma roda de conversa antes do evento, a partir das 15h. Para participar, é necessário confirmar a presença pelo formulário on-line neste link.

O projeto Diplomação da Resistência, resultado da parceria entre a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), Pró-Reitoria de Graduação (PRG) e outras instituições, concede diplomas honoríficos a 31 estudantes da USP mortos durante a ditadura militar brasileira, com o objetivo de reparar as injustiças e honrar a memória dos ex-alunos. Segundo a Comissão da Verdade da USP, as vítimas fatais na Universidade foram 39 alunos, seis professores e dois funcionários. Na Escola Politécnica, a diplomação foi aprovada em reunião de sua Congregação realizada no dia 27 de junho de 2024.

O evento busca relembrar a trajetória dos estudantes politécnicos Lauriberto José ReyesLuiz Fogaça BalboniManoel José Nunes Mendes de Abreu e Olavo Hanssen. Confira uma breve biografia dos estudantes:

Lauriberto José Reyes

Nascimento 2 de março de 1945 | São Carlos, São Paulo
Morte 27 de fevereiro de 1972 | São Paulo, São Paulo
Filiação José Reyes Daza Júnior e Rosa Castrahlo Reyes

Lauri, como era conhecido entre familiares e colegas, manifestou a sua indignação frente às injustiças sociais por meio de artigos publicados no jornal da instituição onde estudou na adolescência, O Diocesano. Em 1965, ingressou na Poli, depois morou no Conjunto Residencial da USP (Crusp), onde se tornou diretor cultural, abordando questões culturais e participando de debates sobre a militância política, o Tropicalismo e a criação artística. Também participou ativamente de movimentos políticos e estudantis. Integrou o Movimento de Libertação Popular (Molipo) e fez parte da direção executiva da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1968. Foi morto pela ditadura militar em 1972, próximo de completar 27 anos de idade.

Luiz Fogaça Balboni

Nascimento 25 de maio de 1945 | Itapetininga, São Paulo
Morte 25 de setembro de 1969 | São Paulo, São Paulo
Filiação Luiz Balboni e Francisca Aurea Fogaça Balboni

 

Conhecido como Zizo por seus familiares, trabalhou como professor e desenhista e mudou-se para a capital paulista para estudar na Poli, onde cursou até o terceiro ano de Engenharia de Minas. Em 1968, iniciou a sua militância política pela Aliança Libertadora Nacional (ALN), onde lutou pela redemocratização do País e pelos direitos estudantis. Assassinado pelos militares aos apenas 24 anos de idade, a família de Luiz criou o “Parque do Zizo” para homenagear o seu filho. Atualmente, o local é um refúgio para pesquisadores e deverá ser destinado ao ecoturismo.

Manoel José Nunes Mendes de Abreu

Nascimento 1º de janeiro de 1949 | Rossio do Sul, Portugal
Morte 23 de setembro de 1971 | São Paulo, São Paulo
Filiação José Pereira de Abreu e Dulce Souza Mendes de Abreu

Imigrante português, chegou ao Brasil ainda quando criança com a família que fugia do autoritarismo da ditadura de Salazar. Ingressou na Poli no curso de Engenharia Química. Sua jornada como militante teve início como universitário e fazendo parte da Aliança Libertadora Nacional (ALN), quando se engajou na luta contra as injustiças que o País enfrentava na época. Em setembro de 1971, Manoel, com apenas 21 anos, junto de outros três colegas, foi capturado e foi morto pelos agentes da ditadura.

Olavo Hanssen

Nascimento 14 de dezembro de 1937 | São Paulo, São Paulo
Morte 9 de maio de 1970 | São Paulo, São Paulo
Filiação Harald Hanssen e Borborema Hanssen

Também conhecido como Totó, começou a trabalhar ainda quando criança para auxiliar sua família. Em 1960, foi aprovado na Poli, onde iniciou o curso de Engenharia de Minas. No ano seguinte, ingressou no Grêmio Politécnico, entidade em que iniciou uma trajetória de luta política e quando entrou em contato com o Partido Operário Revolucionário Trotskista (Port), organização à qual se filiou e deu prosseguimento à sua militância. Em 1970, foi preso e se tornou mais uma vítima do regime aos 32 anos. Sua história de vida e luta pela redemocratização estão contadas sua biografia Olavo Hanssen: uma vida em desafio.

Diplomação da Resistência na Escola Politécnica da USP
Data: 28 de março de 2025, às 17h

Local: Avenida Prof. Luciano Gualberto, n. 380, Travessa do Politécnico, bairro do Butantã, São Paulo
Confirmação de presença neste link.

Do Jornal da USP

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